Voar nas asas...de um vinho
"O Homem não nasce da fome mas do apetite". Gaston Bachelard, Filósofo.
Cefalópode, Argonauta Nodusa, Lightfoot
Quem, durante um passeio pela praia não apanhou já, na areia, uma concha trazida pelo mar?
Para alguns, como nós, foi o início de algo arrebatador. Concha após concha, num crescendo estonteante, sentimos uma vontade de juntar mais e mais conchas. Assim nasceu algo que nunca terminámos, pois existirá sempre mais uma conchinha para se juntar às milhares que possuímos. Para quem desconhece, o nome científico desta "mania" é Malacologia. Tudo por culpa dos pequenos bichinhos que ao longo dos milhões de anos de desenvolvimento, conseguiram segregar uma substância (conchiolina), que conjuntamente com carbonato de cálcio e outros minerais por eles sintetizados a partir da água do mar, formaram as conchas rijas e coloridas.
Para terminarmos, estão generalizadas cinco classes de moluscos marinhos, onde se destacam os Gatrópodes, Bivalves, Escafópodes, Cefalópodes e Anfineuros.
Lembrem-se, nem todas são comestíveis, algumas são até bastante venenosas. Comecem por comprar um livro, porque se gostarem, garantimos que durante uma década nada mais vos arrebatará.
Andava mesmo por ali gato! Também não admira, pois o local é de apetite. Para gatos e outros seres com bigodes:-)) E... não só!
Cheira a mar, sabe a mar, dá gosto (a)mar!
Para lá chegar, é preciso ír à procura do Carvalhal (terra de pescadores com barracas "disfarçadas" de casas), a meio caminho entre Pinheiro da Cruz e a Comporta. Passado o Carvalhal, é a Praia do Pego que nos surge, qual dádiva da natureza, sem chapéus de sol, sem gente, só com céu, areia e ondas num imenso mar.
E é lá, mesmo em cima da areia e à "babuja" da praia e do mar, que está colocada uma grande travessia de madeira, antecedida por um parque de estacionamento bem enquadrado. Faz-se o percurso entre o carro e o restaurante, já a respirar vento e maresia. De seguida, o "Aqui Há Peixe" convida a espreitar.
Decoração adequadíssima ao local, sem grandes sofisticações, mas onde se sente um feeling de praia e de romance, particularmente agora que à beira mar não anda ninguém. Muito agradável.
Chegámos cedo. Pedimos conquilhas, que vieram à Bulhão Pato, com fartura de alhos, azeite, salsa e coentros. Muito frescas e mesmo a dar o salto do prato para as nossas bocas! De seguida o robalo, grelhado lá ao lado. Couve flor, batatas cozidas com pele, cenouras às rodelas, um bom azeite (Esporão de seu nome) umas gotas de vinagre e assim se fez verdadeiramente a festa do nosso palato. Que qualidade! Nada de "plástico", cozedura e sal q.b., tudo muito simples mas de um verdadeiro requinte. Não é fácil atingir a sofisticação na simplicidade, mas no "Aqui Há Peixe" esta é uma premissa totalmente conseguida.
O prazer de comer num ambiente descontraído e pleno de cor, aliado à frescura do peixe, faz-nos sentir que vale a pena percorrer mais alguns kms do que o habitual e desapertar (também mais do que é costume) os cordões à bolsa.
Com o mar ali tão perto o passeio pós-almoço apetece.
No sábado, as ondas estavam enormes e transparentes. O sol espreitava a medo e oferecia a luz certa para o pós-repasto.
Nós caminhámos, abracámo-nos e sorrimos.
Como se sabe, cultivar sorrisos é a melhor experiência de vida de qualquer ser humano!
Nota: Para que conste, o "Aqui Há Peixe" também pode proporcionar descanso, pois dispõe de "casas" para esse efeito. Visite www.aquihapeixe.pt
O frio lá fora e a voz quente de Jacinta cá dentro.
" A Tribute to Bessie Smith", com a produção de Laurent Filipe, é um CD que apetece ouvir sempre, mas ainda mais no Outono. Aquece a alma e o coração.
"Long live jazz"!
Retirada de http://sensitivelight.com/
Mas quem diria ser Outono se tu e eu estávamos lá?
(Tínhamos sono... Tanto sono! É bom dormir ao deus-dará...)
E sobre o banco do jardim, ante a cidade, o cais e o Tejo,
seria bom dormir assim, ao deus-dará, como eu desejo...
Mas o teu seio é que não quis: tremeu demais sob o meu rosto...
Seria Outono aquele dia, nesse jardim doce e tranquilo...?
Seria Outono...
Mas havia todo o teu corpo a desmenti-lo.
//David Mourão Ferreira, Outono
Voltemos agora ao que realmente interessa: apetites, sabores, prazeres.
O Outono é sem dúvida uma época que marca a diferença nas cores, nas sombras, nos odores e nos paladares.
O Outono é a época de colheita das melhores maçãs, pêras e uvas.
O Outono é a época em que, no mar, os mariscos e alguns peixes ficam mais gordos, mais cheios de ovas e mais saborosos.
O Outono é a época em que, nos restolhos dos campos, os perdigueiros vão no encalço das perdizes, lebres, coelhos e galinholas.
O Outono é (deveria ser) a época das primeiras chuvas e das temperaturas amenas que provocam a rebentação de várias "espécies" agrícolas, como os cogumelos, que ganham nomes distintos, conforme a região do país em que os degustamos: míscaros, túberas, cantarelos, rebiós, silarcas, setas ... Que petiscos memoráveis podem ser confeccionados!! (Já aqui demos conta de um prato de veado com setas que saboreámos no Clube de Caça das Termas de Monfortinho... um primor só)!
Outono... ai que prazer têm estas cores e estes sabores! Descubra-os. Eles andam por aí!
Em Alvito aconteceu poesia.
Em Alvito aconteceu pintura.
E aconteceu fotografia.
E aconteceu música em Alvito.
Em Alvito aconteceu debate.
Em Alvito aconteceu informação.
E aconteceu boa mesa.
E aconteceu conversa em Alvito.
Em Alvito aconteceu património.
Em Alvito aconteceu turismo.
E aconteceu espectáculo.
E aconteceu haver gente em Alvito.
Em Alvito aconteceu o Lumife.
Em Alvito aconteceu a VIDA.
E depois...
Em Alvito aconteceu hipocrisia.
Em Alvito aconteceu desilusão.
E aconteceu até depressão.
E aconteceu tristeza... em Alvito.
Contudo...
"Atrás dos tempos vêm tempos e outros tempos hão-de vir"!
Por isso, temos o dever de querer sempre regenerar-nos e ajudar a regenerar.
Este é o momento! É nisso que temos que acreditar, mesmo quando outros dizem que não.
E se queremos mudança, é preciso que esta comece em nós!