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segunda-feira, novembro 21, 2005

O Antão, em Évora


Restaurante O Antão Posted by Picasa

Aproveitando a dica do ao_sul, vamos "antão" dar notícias do "Antão". :-))

Pois bem. Não sabemos se foi pelo facto daquele domingo ter sido dos mais chuvosos dos últimos invernos, se pela razão do local irradiar luz e calor.

Acontece que apeteceu entrar rápido e experimentar aquele restaurante, tão aparentemente caro, tão aparentemente turístico. Já lá passáramos inúmeras vezes , nas muitíssimas idas a Évora e à Praça do Giraldo, mas ainda não tinha calhado o apetite surgir.

O que podemos dizer do Antão?

- Gostámos do conforto, da luz, da ementa variada (com diversos pratos alentejanos, mas também com dois ou três "internacionais", for a change), da frequência, da tranquilidade, do sabor do arroz de marisco que pedimos e das saladinhas de polvo e pimentos que o antecederam, do vinho (mais uma vez Fundação Eugénio de Almeida) e até do gelado caseiro...(em dia de chuva lá fora, mas de sol no nosso coração). O que mais nos surpreendeu "nos gostos" foi o serviço! Há muito tempo que não eramos presnteados com um serviço tão genuinamente simpático! O rapaz que nos atendeu era um verdadeiro profissional e, principalmente, sentia-se que tinha gosto pelo que fazia! Muito bom mesmo.

- Gostámos menos do... preço (contudo se analisarmos bem o rácio qualidade/preço não o podemos considerar descabido), gostámos pouco da música MIDI e dos temas algo demodé.

Contrariámos contudo a nossa ideia inicial de que o "Antão" seria um restaurante só para turistas, particularmente estrangeiros. Sentimo-nos bem recebidos.

Particularmente recomendado para dias de muita chuva!:-))

O Barro, no Redondo


Vinho Roquevale. Das faldas da Serra D'Ossa Posted by Picasa

Finalmente apetece falar do "Barro", no Redondo.

Tínhamos lá ido há uns 8 anos (lembramo-nos bem, pois a miúda fez uma birra daquelas típicas de quando se começam a sentar à mesa...) Na altura, foi para esquecer. Agora até já apetece lembrar, sorrindo, pois as birras no presente são outras!

Adiante. Na altura ainda estávamos longe de pensar que viríamos viver para o Alentejo, mas já gostávamos de alentejanices das boas. "O Barro" foi-nos recomendado pelos donos da Casa de Terena (no Alandroal), onde ficáramos alojados naquela escapadainha de fim de semana. E já na ocasião (apesar do "pesar" birrento), gostámos bastante do local, do acolhimento e da simpatia do propietário, para além do sabor das comidas feitas com os paladares da terra a que (ainda) não estávamos habituados.

Quisemos pois, há uns quantos domingos, recordar o sentir do "Barro". Repetiu-se a sensação de calor, de conforto e reforçámos a ideia do bom serviço e da decoração esmerada pela simplicidade do requinte. (Re) encontrámos as suas duas airosas salas (a de baixo e a de cima), as paredes com bonitas fotografias antigas, as flores naturais na mesas e uma ementa com genuinos pratos alentejanos. (Re) encontrámos o savoir-faire do proprietário (homem com muito mundo ou não fosse ele piloto da TAP), que tem no "Barro" um amor e no Redondo uma terra de regresso(s).

Comemos umas migas de espargos excelentes, provámos também uns carapauzinhos fritos com um arroz de tomate divinal e bebemos um tinto da Fundação Eugénio de Almeida. E de repente, também nós viajámos, apesar de estarmos bem no centro do Alentejo. Percorremos caminhos, memórias e outros momentos saborosos como aquele. E a menina birrenta da outra vez, esteve naquele domingo muito mais tranquila, pois migas também já é uma daquelas "coisas de comer" que mais aprecia. A magana!

Procurem o "Barro" do Redondo e aproveitem para visitar a Enoteca e o Museu do Vinho. Vale a pena passar uma tarde de Domingo assim!

quinta-feira, novembro 17, 2005

Cerimónia do Chá


Foto retirada do n.º 1 da Blue Cooking

Ai que prazer não cumprir um dever, ter um livro para ler e um chá para beber.

Com as nossas desculpas a Fernando Pessoa, podia bem esta rima ter sido assim...-:)

O chá é daquelas bebidas que apetece muitas vezes. Particularmente com frio e chuva. Principalmente se for um chá "seleccionado". Exemplos: Chá preto aromatizado Earl Grey, Chá Verde de Jasmim "Silver Sickle", chá verde com menta "Nanah". E se o chá for servido em bules e taças em terracota (chás chineses) ou em copos de vidro sobre tabuleiros de prata (chás marroquinos), será seguramente um deleite.

Em qualquer caso/a um chá de camomila, erva-cidreira, tília ou lúcia-lima é líquido excelente para aquecer corpo e coração. Sem açucar, para que se sinta o seu verdadeiro sabor.

Já agora, a mistura de chá com jazz é uma combinação perfeita. Assim pensaram os proprietários do "Chazz", em Montemor-o-Novo. Apetece ír, saborear e ouvir.

Só mais um lembrete: No Japão como em Marrocos e na China, oferecer chá é o indício da mais alta delicadeza: "Um homem de chá representa um homem de bom gosto".

quarta-feira, novembro 09, 2005

O "Segundo" de Maria Rita


Maria Rita Posted by Picasa

Quanto mais se ouve mais se gosta e mais se vai aproveitando esta magnifica sonoridade. Quaquer dia gasta-se!

São todas tão boas que é dificil destacar uma. E Maria Rita cada vez melhor. Do primeiro albúm para este "Segundo" há uma clara evolução e uma maturidade vocal que, temos que dizê-lo, lembra a mãe. Que duas!

Poesia, composição, tudo em grande!

" Vem pra misturar juízo e carnaval

vem trair a solidão

vem pra separar o lado bom do mal

e acalmar meu coração

Vem pra me tirar o escuro e a sensação

de que o inferno é por aqui

vem pra se arrumar na minha confusão

vem querendo ser feliz "

Tudo em bom. Para ouvir... escutando.

sexta-feira, novembro 04, 2005

Lisboa que adormece


Outono em Lisboa... e em qualquer lugar Posted by Picasa

" Porque choram os teus olhos, diz

Porque tens medo do mar

Porque vives de ilusão e é fria a tua mão

E dizes sempre não

O que foi que o mar levou de ti

Com que ondas te enganou

Que esperança te roubou

Angústia te rasgou

Maria lua, dançando nua

No chão da rua

Maria, Maria vida fria

Maria mar, Maria amor, Maria paz

Maria tanto faz

Porque choram os teus olhos, diz

Porque tens medo do mar

Por um barco que não vem

Tua cama foi de cem

Teu corpo de ninguém

Em teu rosto de criança estão

Dois cardos de solidão

Na tua carne de mulher

As noites de quem quer

Maria lua, dançando nua

No chão da rua (...)"

// Letra de: José Niza, Música de: Pedro Osório

Estas são as belíssimas palavras e a não menos bela música, que servem de base à composição "Maria, Vida Fria", que tantos de nós recordamos.

Agora com arranjos de Bernardo Moreira (que também aqui toca contrabaixo), estas lindíssimas letras e melodias da nossa infância e do nosso imaginário, chegam-nos pela voz cheia e ondulante de Paula Oliveira. Neste "Lisboa que adormece", a Lisboa que nos surge é desde logo evocada no título "onde tudo nos soa tão português. Como que querendo dizer-nos da certeza - e não já da possibilidade- da existência de um jazz nosso, com uma identidade própria"

Para além de José Niza, passam por aqui José Ary dos Santos, Sérgio Godinho, José Luis Tinoco, entre outros letristas e compositores das melhores criações musicais portuguesas da época.

É um álbum "ao mesmo tempo nostálgico nas suas evocações e transfigurado na sua frescura actual".

De ouvir e chorar por mais, particularmente pelos temas "Cavalo à Solta" (quem não recorda as palavras Minha laranja amarga e doce , Meu poema...?), "E depois do Adeus", "Flôr sem tempo"...

Para ouvir Outono dentro estes sons "jazzados" que vão perdurar até ao Inverno. Seguramente imperdível!

terça-feira, novembro 01, 2005

Restaurante "Camões"


"Camões e D. Sebastião", quadro de José Guimarães (1980) Posted by Picasa


Oh! Que famintos beijos na floresta, E que mimoso choro que soava! Que afagos tam suaves, que ira honesta, Que em risinhos alegres se tornava! O que mais passam na manhã e na sesta, Que Vénus com prazeres inflamava, Melhor é exprimentá-lo que julgá-lo; Mas julgue-o quem não pode exprimentá-lo.
"Os Lusíadas", Canto IX , Luís Vaz de Camões
Por vezes muito bom, outras nem por isso. Contudo, continua a ser uma referência quando se fala em restaurantes do concelho de Alvito. É em Vila Nova da Baronia e tem dias em que apetece ficar e saborear. Como ontem, quando nos oferecemos um saboroso Borrego Guisado com Ervilhas. Verdadeiro gosto de "cozinha da casa da mãe", estava apurado (sem ser em demasia), o borreguinho era tenro e havia uma abundância de ervilhas também de muito fácil mastigação. O vinho era da Vidigueira e satisfez sem no entanto deixar uma marca que mereça aqui apreciação.
Mas, o pecado estava ainda para chegar... por via de umas Farófias. Gigantes, fofas e cheias de desfaçatez para com as nossas papilas! Converteram em absoluto estes escribas à doçura, o que não é frequente pois (thanks God!), os "gastr'eateiros" não se sentem tão atraídos pelas coisas do acúcar quanto pelas de outros sabores que, mais frequentemente, convidam para namorar com os seus palatos.
Melhor é experimentá-lo que julgá-lo!