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segunda-feira, maio 09, 2005

Um (doce) romance de sabores e afectos

No seguimento do post anterior, apetece-nos dizer que a poesia é na verdade tão essencial à vida como a gastronomia. Pode, aliás, constituir o seu melhor tempero. A ausência de poesia na vida das pessoas é causa de grande descontentamento e insatisfação. Vidas sem poesia são vidas sem sabor! Está dito.

E agora, retomemos pois a temática.
Em virtude de estarmos a atravessar um período de menos "tempo" (leia-se euros) para incursões gastronómicas dignas de destaque, lá teremos que ír saboreando letras... de obras marcantes recheadas de sabor e emoção.

Aqui vai:
"Uma longa pausa. Enchi um copo para mim, com licor noisette e pedacinhos de avelã. O aroma era forte e inebriante, como madeira empilhada ao sol crepuscular do Outono. Guillaume comeu a sua religieuse com um prazer minucioso, depenicando as migalhas com o indicador húmido".

A história passa-se em Lansquenet, pequena aldeia de França, com gente conservadora, pouco dada a novidades. Vianne Rocher, jovem mãe solteira, e a sua filha Anouk, trazem para este pequeno mundo um negócio aromático, guloso e pouco comum: "La Céleste Praline", uma chocolataria repleta de sabores sofisticados. Na posse deste comércio tentador, mãe e filha (frescas e simpáticas) encontram algumas dificuldades de integração, particularmente quando têm que confrontar-se com o jovem, mas austero, pároco local.

Depois de viagens já passadas, acabam por assentar arraiais na aldeia, vencendo os obstáculos através de doces sabores e saborosos afectos: "Grande Festival do Chocolate em La Céleste Praline; Começa Domingo de Páscoa; Todos Bem-Vindos". Diversas actividades e atitudes similares a esta, deixam todos surpreendidos e convencidos a acreditar que "... ser feliz é a única coisa importante. Felicidade. Tão simples como um copo de chocolate, tão tortuosa como o coração. Amarga. Doce. Viva." É no que acredita Vianne. Por isso imagina que, mesmo que este negócio fique pelo caminho, poderá abrir outro com outro nome, talvez noutro local. Onde possa sempre levar frescura e doçura, particularmente a gente amarga. "La Truffe Enchantée" ou "Tentations Divines", são nomes que lhe surgem enquanto canta uma canção para adormecer Anouk.
Entretanto, nova vida dentro dela gira suave, docemente. Bonito, ameno e rico. "Chocolate" de Joanne Harris.
Dentro deste livro guardamos dois desenhos oferecidos pela nossa filha. A lembrar dias doces com sabor a férias!

1 Comments:

At quarta-feira, maio 11, 2005, Anonymous Anónimo said...

Só hoje tive conhecimento deste blog. Estou lendo, melhor, saboreando esta prosa de cheiros e sabores com todo o apetite... Se bem que eu tb tenha nascido em Alvito o blog que defendo é o http://beja.blogs.sapo.pt para o qual o convido e onde encontrará motivos dessa terra. Até breve.

 

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