Com fúria e raiva
Com fúria e raiva acuso o demagogo
E o seu capitalismo das palavras
Pois é preciso saber que a palavra é sagrada
Que de longe muito longe um povo a trouxe
E nela pôs a sua alma confiada
De longe muito longe desde o início
O homem soube de si pela palavra
E nomeou a pedra a flor a água
E tudo emergiu quando ele disse
Com fúria e raiva acuso o demagogo
Que se promove à sombra da palavra
E da palavra faz poder e jogo
E transforma as palavras em moeda
Como se fez com o trigo e com a terra
//Sophia de Mello Breyner Andresen
Dá que pensar, particularmente hoje, passados quatro anos de uma tão grande tragédia. Quem pode ficar indiferente à força que têm as palavras? Aos males que podem evitar ou, pelo contrário, desencadear? Quem pode ficar indiferente ao DRAMA?
2 Comments:
Grande Sophia!
Bem apropriado a este tempo pré-eleitoral, no qual se ouve toda a gente a prometer tudo a todos...
De facto Sophia é uma Mulher sempre actual.
O drama do Homem é não querer compreender o Homem...
Tenham uma boa semana!
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