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segunda-feira, março 13, 2006

Apertazeite

O Domingo cá de casa, faça sol ou faça chuva, é dia para abalar. Para quem trabalha muitas vezes ao sábado, é quase obrigatória uma escapadinha, ainda que de ida e volta.
Umas vezes a mãe outras o pai, traçam um roteiro de Domingo, que conduz inevitávelmente a um lugar que se quer bom para almoçar. Vai-se a paragens muitas vezes (ainda) por descobrir, acabando por, após repasto, se vasculhar muito do que há por perto nos locais visitados. A garota (já) de Alvito, Inês, pergunta de manhã: "Onde é que vamos hoje?", e parece apreciar cada vez mais estas passeatas. Por vezes, levamos um ou outro amigo para a companhia, mas ainda que assim não seja, a moça, que é dada à conversa, acaba por conhecer outros iguais a ela.
Ontem foi dia de "Apertazeite".
Não conhecíamos Campo Maior e a Elvas tínhamos ido quando a bébé ainda usava fraldas (foi mesmo na praça principal que uma das ditas foi trocada à rapariguinha, então de colo....:-))
Campo Maior tem muitas casas imponentes. Casario do século XIX, ergue-se ainda com alguma alvura. Já cheira a Espanha. Também bastante aos cafés do Senhor Nabeiro!!
(Surpresa negativa foi a vida lá bem no cimo junto às muralhas. Outro mundo aquele, com dezenas de ciganos nas suas lidas... sujidade, choro de crianças, gritaria, carros abandonados... Quem dera uma varinha mágica e num espaço tão bonito e simbólico, surgiriam ciganos limpos e com crianças felizes. Sem gritos e choros. Mesmo mais à frente, os não ciganos, vivem em condições análogas... Surpreendente no séc. XXI e na terra de onde se exporta um sabor e uma imagem que são do melhor que sai deste nosso Alentejo...)
Posto isto, voltemos ao espaço deste azeite que diz que aperta. Al-Zait é o nome do Restaurante de um grande casão recuperado e chamado, justamente, "Aperta Azeite". Antigo lagar de azeite, transformado em restaurante pela família Nabeiro. Estávamos à espera de comida e decoração alentejanas, mas entrámos numa outra dimensão. Das cerca de 30 viaturas, mais de 20 com matrícula espanhola! Nuestros hermanos amesendados com pratos repletos das iguarias do buffet. Pois, que ao Domingo é buffet que aqui se serve. Sabores pouco alentejanos. Sabores mais nacionais, mais do mundo. Imensas a quantidade e a variedade. Do salmão fumado ao outro, da salada de ovas ao camarão cozido e até à sapateira, é uma incursão diferente pelos diversos sabores a mar. Depois o rosbife, as tartes salgadas e variadas, as saladas diversas. Fruta, queijos (nacionais e castelhanos), sobremesas idem, enfim, grande diversidade e muito boa apresentação.
O ambiente, bem o ambiente é, à boa maneira espanhola, de um chic-négligé (será que isto existe?). Transparece o à-vontade andaluz, onde todos parecem estar de bem com a vida e sem se preocupar com os outros. Não estamos mais no Alentejo. Até a decoração deste local enorme e cheio de vida, nos remete primeiro para qualquer coisa de árabe, observando depois melhor, é mais de indianices que se trata. A música é étnica(?) e transporta-nos lá longe, ao Tahj Mahal...
Serviço profissional. Decoração com alguns apontamentos de requinte e qualidade. Nas madeiras, nos panos, nas cores. Apesar de algumas "misturas" que aqui até resultam!
Durante a semana, dizem-nos, volta a comida mais tradicional e a la carte, mas sempre com apontamentos criativos e com um toque de mundanidade. Também mais próxima dos valores que podemos pagar. Ontem, fomos apanhados de surpresa. Mas este buffet, de sabores de fora do Alentejo aqui tão dentro dele, valeu bem a pena. (Libertou-nos do stress de uma semana em que nem a constipação da miúda quis deixar de marcar a sua febril presença...)
Ainda fomos ao parque e apanhámos flores amarelas para a jarra azul. Depois de "saírmos do Alentejo", voltámos a entrar nele. E o certo é que gostamos deste out and in.