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sábado, julho 30, 2005

Se

Se tanto me dói que as coisas passem
É porque cada instante em mim foi vivo
Na luta por um bem definitivo
Em que as coisas do amor se eternizassem
//Sophia de Mello Breyner Andresen
Têm-me feito muito sentido estas palavras nos últimos dois dias. Talvez sirvam também para explicar ao meu amor, algum (des)ânimo que me tem invadido...
O lindo poema de Sophia serviu igualmente para me recordar a beleza (e surpresa) da amizade. Este mais onze poemas, fazem parte de um "livrinho" muito especial de homenagem à poetisa. Chama-se precisamente "Doze Poemas" e foi ideia da Divani & Divani que resolveu desta forma assinalar a data do seu aniversário. Que bem pensado!
Este "presente para a alma" foi-me enviado pelo meu amigo Karl Marx. Chegou às minhas mãos a meio de uma manhã algo cinzenta, que ficou de repente iluminada.
A poesia presente no Gastr'eat.
Porque a poesia também é para comer!

"A minha bisavó Laura"


Avós e Mãe na cidade da Beira

Moçambique (final dos anos 40) Posted by Picasa



"A minha bisavó Laura tem quase 93 anos. Vai fazer em Fevereiro.
Eu gosto muito dela e vou visitá-la todos os Natais e noutras alturas.
A profissão dela era costureira. Ainda hoje consegue fazer costura e trabalhos em malha.
A minha bisavó tem cabelos brancos e é muito bonita.
Neste Natal, a minha bisavó ainda me contou histórias e cantigas. Ela tem muito boa imaginação e memória.
A terra da minha bisavó chama-se Lousa e é ao pé de Castelo Branco. Eu já fui com os meus pais a estas duas terras".

Este foi um texto escrito pela nossa filha (aos 8 anos) em Janeiro, pouco antes da bisavó ter feito 93 anos. Anteontem a bisavó Laura partiu. E deixou saudade nos nossos corações. Para onde quer que vá (só pode ser um lugar bom!), desejamos que descanse. Connosco ficará sempre a lembrança das suas mãos a costurar, da sua voz a cantarolar baixinho, do seu olhar vivo e perspicaz. Ficará também um pouco dela na nossa filha, que tanto a estimou.

sexta-feira, julho 29, 2005

Vivemos em Alvito. Por isso, agora somos daqui!
Mas viemos de outras bandas. Um de Lagos, outro de Castelo Branco. O encontro foi a meio caminho. Que é como quem diz por terras de Lisboa, Oeiras, Parede, Cascais.
As nossas conversas aqui, umas vezes são a duas mãos, outras a quatro. Grande parte sentidas e vividas por ambos. Muitas vezes só um de nós escreve. Mas temos conseguido sempre respeitar e aprovar o que cada um quer dizer. Este blog reflecte (acho eu... agora sou só EU a escrever...:-) a nossa cumplicidade e gosto pelas "coisas boas da vida". E as memórias e sensações guardadas em cada um. Sendo cúmplices, todavia somos dois e como tal diferentes!
... Vou ali e já volto, porque entretanto não sei bem porque comecei a escrever isto. Será que alguém percebeu o que é que eu queria dizer? Acho que depois disto, dos três leitores que tínhamos por dia... passaremos a ter só dois!
Meanwhile, o outro escriba deste blog vai apagar este (esboço) de texto. De certeza!
Foi um prazer!

quinta-feira, julho 28, 2005

Olhó gelado! É frutó chocolate!


Casa Santini Posted by Picasa

Lembram-se quando eramos crianças e ouvíamos estes "pregões" na praia? Um irresístivel apelo.

Muitos são, felizmente, os locais que ainda hoje existem, de forma a que possa acreditar nesta memória de prazer estival. O prazer que tinha em saborear sorvetes e gelados artesanais.

Em Lisboa, ainda existe a Surf (Praça de Londres), onde íamos em tempo de aulas, porque o Filipa de Lencastre era logo ali... Passeavamos na Av. de Roma, Guerra Junqueiro e invarialvelmente "abancavamos" na Surf. Era uma delícia, pois os sabores e as cores anunciavam já as férias e a praia que se aproximava.

Na Baixa, a minha mãe por vezes levava-me à pastelaria Suiça (tempos idos duma Lisboa de meados dos anos 70), após uma visita aos antigos armazéns do Chiado, onde nos tínhamos cansado (pelo menos eu!) de andar de departamento em departamento. Já naquela altura gostava imenso da recompensa gelada e doce. Hoje, gostaria muito de voltar a experimentar tal fascínio naquele local. A Versailles (perto do Arco Cego) era para os sábados, quando visitávamos o meu tio e a minha avó. Ainda na Praça de Londres, a Mexicana e a Roma também fizerem o meu deleite. Mas foi em Cascais, na pré-adolescência (como agora se diz), que fui pela primeira vez ao Santini.

No Santini foram muitas e boas as descobertas! Qual Haagen Dazs, qual Baskin Robbins. Santini é que é o detentor da fórmula mágica do prazer das papilas! "Vero" Italiano (possivelmente descendente de Marco Polo, que trouxe a "especialidade" do oriente), Santini abriu a sua casa para encantar turistas e aristocratas. Foi-se transformando em poiso de "romeiros" em busca de prazer.

Preparados com fruta verdadeira e aromas naturais são o melhor entre os gelados. Estão guardados junto ao que há de mais atractivo nas lembranças dos sabores da adolescência.

Vale a pena visitar Santini de novo. Para confirmar se a arte daquele sabor gelado se mantém... para além da lembrança.

terça-feira, julho 26, 2005

Onde o bom gosto é uma Arte


Casa da Guia Posted by Picasa

A Casa da Guia é um local que procuramos sempre que vamos visitar a família na Parede. Aproveitamos para ír a um dos sítios mais bonitos de Cascais, bem pertinho do Farol da Guia, onde tivemos a sorte de poder realizar a nossa festa de casamento.

Situada num magnífico Palacete do Séc. XIX, a Casa da Guia, é um dos locais mais agradáveis que podemos visitar. É um lugar perfeito para vários "encontros". No nosso caso, vamos normalmente para relaxar e apreciar a espantosa vista para o mar da Costa de Cascais.

Dispõe de numerosos outros atractivos, de restaurantes (ex. pizzeria Garbo Gazebo) a lojas (exs. Occitane e Terra Quente), passando por galerias de arte, área para crianças e muito mais. Na maior parte das vezes, disfrutamos apenas de um cafézinho e do "ambiente". Se fossemos um casal de "excêntricos do Euro Milhões", teríamos ali muitas oportunidades de dar asas à imaginação e ao dinheiro, claro! Mesmo não sendo assim, ficamos satisfeitos por respirar aquele ar, "onde o bom gosto é uma Arte"!

segunda-feira, julho 25, 2005

Gozo entre Palmeiras


Café entre Palmeiras Posted by Picasa

O café entre palmeiras foi o momento derradeiro de um dia muito bem passado. Com a Matilde, nossa (mais "recente") afilhada que ontem comemorava o seu 1º Aniversário. Em dia que os papás quiseram harmonizar com o seu baptizado. A Matilde, que estudara muito bem a lição, brilhou neste seu dia, sempre com gracinhas e trejeitos simpáticos. Quer na Igreja de Oeiras quer na Casa das Palmeiras foi a menina-Rainha, como convinha! À Matildinha, aos pais e à mana Catarina, desejamos toda a Felicidade deste mundo. À mamã Teresa um abraço ainda maior do que o mundo, por se tratar de uma grande, enorme Mulher!

E antes que uma lágrimazita teimosa se deixe verter... haja alguma compostura! Para falar do local onde ontem convivemos, o Restaurante "Casa das Palmeiras". É um sítio que apetece. Daqueles onde gostaríamos de ficar sempre mais um pouquinho. Dentro, por ser simpático, acolhedor e com estilo decorativo de casa secular. Fora, porque o jardim de palmeiras acompanha as cores das estações.

Pareceu-nos que servem cada ocasião como se duma festa única e especial se tratasse. Além das festas e eventos, têm buffets semanais de Domingo e, nos outros dias, o serviço é à la Carte, com variados sabores, também de cozinha internacional. As sobremesas, mesmo para estes escribas que não "morrem de amores" por doces, são de facto tentações! O bolo de chocolate que comemos (rodeado de ananás finamente cortado) bem como a tarte de amêndoa, eram de excelência. Aliás, bastará uma visita a www.casadaspalmeiras.com para melhor se perceber do que falamos.

Na Carta de Vinhos aparecem cerca de 150 referências, por isso haverá seguramente um vinho para cada prato, cada momento e cada gosto.

Um gosto seria podermos ter o nosso próprio "challet na Linha" como este, onde pudessemos receber amigos...de vez em quando! Sim, porque no resto da vezes seria inteirinho para nosso gozo!

sexta-feira, julho 22, 2005

Falemos do Vinho


Herdade do Pinheiro Posted by Picasa

Não se trata de Turismo Rural. Falamos de um Herdade secular, onde a vinha cresce das mãos sábias da família Silvestre Ferreira.

"Vinhos de alta qualidade, vencedores de vários troféus a nível nacional e internacional, vieram provar que a região de Ferreira do Alentejo (Distrito de Beja) está entre as melhores regiões vitivinícolas de Portugal."

Equipada com uma adega com a mais avançada tecnologia, inclui uma loja acolhedora para venda e prova de vinhos. Transformam as uvas como poucos, dando origem a vinhos encorpados, redondos, aromáticos, frutados e envolventes. Disso são exemplos o Reserva Herdade do Pinheiro 2002, o vinho Herdade do Pinheiro (ainda conseguimos comprar um tinto de 2001, 1ª produção e Medalha de Ouro) e o Moinho da Asseiceira (com um branco de 2004 excelente).

Para uso corrente, está a ser comercializado vinho branco e tinto em baginbox de 5 lt., que permite conservar as qualidades organolépticas do néctar. A provar e a visitar! Já agora visitem também o site em http://herdadedopinheiro.com.pt.

quinta-feira, julho 21, 2005

Jazz no Jardim


Ciclo de Jazz Posted by Picasa

Um ciclo de Jazz no Jardim do Goethe-Institut Lissabon. Com entradas livres, num espaço privilegiado e com músicos virtuosos. Acrescente-se a possibilidade de beber uma Guiness preta bem gelada, em final de tarde estival. "Festas" bonitas que serão encerradas com a actuação de três grandes saxofonistas alemães da cidade de Colónia, os Triosphere. Será no dia 28 de Julho às 19h00. A fechar um ciclo de cinco concertos.

sábado, julho 16, 2005

"A Tapear"!


Foto/capa do livro de Richard Tapper Posted by Picasa

"Ir de cañas" ou "ir a tapear" é talvez a melhor tradição de "nuestros hermanos"!

Nós que também apreciamos este tipo de "amuse-bouches", gostamos do "tapeo", claro. No "Meson El Gordo" (com duas casa abertas no Bairro Alto), as tapas são o apelo principal. Gostamos tanto que esta semana fomos lá duas vezes, uma com a "niña" e outra com os sobrinhos (após uma ida a dois por alturas do Natal).

Come-se Boquerones Marinados, "Revueltos" com Espargos, Confit de Pato e, entre muitas outras iguarias, um Caril Verde de Frango Thai soberbo, como forma de incursão pelas tapas asiáticas! A lista é extensa (e intensa), o local é acolhedor (no Natal estava-se maravilhosamente no interior e agora usufruimos do prazer das mesas colocadas fora, nas escadinhas). Ouve-se boa música do mundo, do reggae ao jazz. E com a mesma generosidade gustativa vamos "de cañas" ou de vinhos, os quais nos aparecem na carta em quantidade e qualidade.

Meson El Gordo, Restaurante e Tapas Bar, abre às 18h00 e permanece até depois da 1h00 da madrugada. O "nosso" é na Tv. Fiéis de Deus, 28. O outro é na Rua de S. Boaventura, 16. Ambos no Bairro Alto, onde a vida é tudo menos monótona!

sexta-feira, julho 15, 2005

Prazer alternativo


Prazer da Carne Posted by Picasa

Nham, nham! Apetitoso, não?

Bem, mas nem só destes prazeres vive o Homem! Assim, e porque a vida moderna a tanto "obriga", têm aparecido boas e variadas alternativas a este gosto de, calmamente, degustar um suculento naco de carne.

Descobrimos nesta última semana de férias, passada na movimentada capital nacional, três conceitos de "fast food" que queremos aqui destacar. O primeiro destaque vai para:

"Go Natural": Ementas ricas em fibra e minerais antioxidantes, nutritivas e equilibradas, com baixo teor de gordura! Será possível ter prazer comendo disto? Por supuesto! "Go Natural" responde à questão trazendo-nos menús coloridos, bem apresentados, em espaços apelativos e confeccionados com algum requinte e diversidade. Que tal uma sopa de bróculos e parmesão? Ou de cogumelos e alho francês? E um "sandwiche" ou um "wrap" de mozzarela, tomate e manjericão ou talvez de salmão, rúcula e maionese de wasabi? (!)

Se preferir massas as sugestões são inúmeras, por exemplo, farfalle com pesto de rúcula e parmesão ou fusilli com camarão, tomate, coentros e cebola. Mas há mais, muitos mais pratos que abrem o apetite e ementas que incluem sobremesas (sim senhor!) sempre variadas e...naturais! Parece impossível, mas é verdade. Nós experimentamos e gostámos, porque nos sentimos "saciados" mas "cumpridores" e percebemos que a alternativa existe. Acompanhada de sumos naturais, naturalmente (o pleonasmo justifica-se!) Tudo isto é ainda melhor dado que os preços são bons e os espaços são "logo ali", para aqueles dias em que a ida à capital é necessária ou desejada.

"Comer bem nunca foi tão natural", nos "Go Natural" do Amoreiras Plaza, do Atrium Saldanha, do Oeiras Parque ou do Holmes Place (abre a 5 de Outubro).

O segundo destaque vai para:

"Quasi Pronti": Massas de todos os tipos, confeccionadas à frente do cliente, com os ingredientes por este escolhidos. Sempre "al dente", com apuro nos temperos e grande variedade de ingredientes à escolha do freguês (cogumelos, fiambre, salmão, bacon, etc.). A "cobrir", com manjericão, azeitonas, coentros, salsa, oregãos. "Not too bad", para "Fast Food". Neste caso a amesendação não é "lá dentro", infelizmente, mas ainda assim parece estar a cumprir o lema de "servir bem para servir sempre!" - Apetece depois de uma sessão de cinema com as crianças no Oeiras Park!

A medalha de bronze vai para:

"Alentejo": Comidinhas alentejanas à volta do pão, do azeite e do alho. Estas não provámos, mas pareceu-nos tudo bem "embrulhado" e verdadeiro... à vista, claro! Para quando a saudade de casa já apertar... (C.C. Colombo e Almada Fórum)

A alternativa, afinal, existe....Com prazer!

quarta-feira, julho 06, 2005

Comidas em Lagos


"Pêxe Frésque" Posted by Picasa

Do "pêxe frésque" de Lagos (e arredores) muito haveria a dizer. Na verdade, é ainda em torno do "pêxe" que muitas vidas se desenrolam. E dos barcos. E das comidas com sabor a mar. Tempos houve em que nesta terra, muitas eram as operárias conserveiras, porque muitas eram as fábricas que lhes davam trabalho, porque muito, muitíssimo era o peixe. Outras vidas. Outras histórias.

A história dos dias de hoje, é escrita principamente pelo peixe que chega aos resturantes e aos turistas. Ainda temos sorte de comer "condelipas" (conquilhas) a preceito, mas menos, muito menos. Que saudades de um arrozinho de condelipa! (a propósito do Conde de Lipe...) Desta vez ficamo-nos pelas ditas abençoadas pelos alhos, salsa, coentros, azeite. Óptima "molhanga", para embeber o "panito" e para fazer escorregar com a ajuda de umas imperiais! Comemos no "Piri-Piri", um dos restaurantes mais centrais de Lagos, um dos mais antigos, onde até se come bem, mas onde alguns empregados estão claramente a fazer um grande frete! É pena.

No "Barrigada" é que é de comer e chorar por mais. Para além da óbviamente grande barrigada! No caso, de carapaus e sardinhas, escorrendo a sua gordurinha no pão, que é como as ditas apreciam ser comidas! Ali mesmo na entrada da Meia-Praia, aquela que dá para o barquinho que faz a travessia do rio. Muitos peixes à escolha, "amesendação" informal mas airosa e serviço simpático. É uma lufada de ar fresco, mesmo quando não está nortada.

Sempre com o fito no "pexinho", procuramos um restaurante mais sofisticado: o D. Henrique, em plena Rua Direita. O que o distingue, em boa verdade, nem é a comida, apesar da entrada "Duo de Salmão e Espadarte" e do prato "Medalhões de Tamboril", terem dado bem conta do recado. Boa conta do recado deu também o vinho José Maria da Fonseca, Branco Seco Especial!

O que mais distancia este restaurante de muitos outros, é a decoração soft-modern, a luz (como uma boa luz faz diferença!), o "empratamento" e o serviço atento, mas sem excessos. É bom que na confusão dos restaurantes típico-tradicionais, apareça um ou outro diferente onde apetece ír pelo menos uma noite. (A bem da verdade, mais noites não seria viável, atendendo aos preços algo acima das possibilidades da bolsa mediana...:-))

Experimentámos também uns "seafood dishes" em restaurante indiano. O "caril de camarão" e o "peixe buhna", tinham o sabor particular das especiarias orientais e o simples arroz branco tinha paladar e leveza especiais. A cerveja indiana "Cobra" foi a bebida (bem) escolhida. O "Kohni Noor", é um restaurante onde já tínhamos estado e onde seguramente regressaremos.

Ainda de referir, o dia do "pecado", pois que não comemos peixe! Era o dia da Pizza para a nossa cria e lembrámo-nos de regressar a um restaurante italiano (veramente!), do qual não sabemos o nome, mas que é certamente um dos mais procurados. Há sempre muita gente à espera. Neste caso, a espera compensa, pois só pelo "Risotto de Legumes" já valeria a pena termos esperado. O vinho italiano também muito bom. Tão fresco que quase sabia a menta... pareceu-nos. Numa esquina, não muito longe da enorme escultura de João Cutileiro, o "ristorante" italiano onde virem mais gente é o tal! Serviço escorreito e sorridente, mesmo com muita gente dentro!

terça-feira, julho 05, 2005

Sobre as Conchas


Conchas da Meia Praia Posted by Picasa

Tal como qualquer acepipe gastronómico, as conchas provocaram-me, desde muito cedo, um fascínio ainda por explicar. Talvez por ter sido coincidente com a descoberta de um amor (falo da minha lacobrigense), igualmente me apaixonei por este maravilhoso capricho da natureza, que são as conchas.

Com grande azafama, fizesse chuva ou sol, lá andava eu (mais a minha lacobrigense) de olhos no chão, com o afinco de apanhar algo, que só eu pensava encontrar, por ser único. Era uma relação de descoberta pura, tal como o amor que nutria pela minha amada.

Passados estes anos (quase 16), os meus amores cresceram (em quantidade), pois que já temos uma "conchinha", e amadureceram. Após ter encontrado quase todos os espécimens que proliferam pelas nossas praias e baías, tentei em vão catalogá-las, classificá-las e arrumá-las.

Tarefa ingrata, pois após estes anos cheguei à conclusão que não passava de um mero aprendiz de coleccionador (malacologista). Decidi então expô-las, facto que produz um excelente efeito decorativo na nossa sala. A escolha foi complicada. Mas tendo encontrado uma mesa de centro em madeira exótica, com tampo de vidro, verifiquei que o resultado foi positivo. E lá estão, quais musas da natureza, a exibirem as suas formas e cores sóbrias, mas ao mesmo tempo estonteantes!

Pera quem as conchinhas ruivas cavo na praia, os brancos búzios apanhando? Pera quem, de mergulho no mar bravo os ramos de coral venho arrancando?

Luíz Vaz de Camões

Comidas na Serra de Monchique


Carapaus Alimados Posted by Picasa

Curiosamente, fomos encontrar os carapaus alimados com o sabor lá de casa, no único dia em que nos afastámos do mar. Fomos primeiro às renovadas Caldas de Monchique, local bom para passeio e descanso termal. Depois, subimos à vila de Monchique onde "descobrimos" através da preciosa indicação do homem do talho, o Restaurante "A Charrete". Apesar dos apetecíveis pratos serranos que constavam da rica ementa, optámos pelos Carapaus Alimados e pelas Lulas Cheias (pois tínhamos dito que esta seria a "semana do peixe").

Carapaus alimados é um daqueles pratos da cozinha tradicional algarvia, que já pouco se vêem nas ementas. Dá trabalho alimar (tirar a pele aos carapaus depois de cozidos e préviamente salgados). Os que comemos estavam bons de frescura e de salga e desapareceram em poucos minutos, ou não estivessem eles também na excelente companhia da batatinha cozida e da salada de vermelhinhos tomates e bastante cebola "da nova". Tudo "de azeite e vinagre", claro!

As Lulas Cheias, estavam bem recheadas de tudo a que têm direito: da chouriça ao arroz, passando pelo molho de tomate e pelos seus próprios "tentáculos". Já não experimentávamos tal pitéu desde os idos em que tão bem se confeccionava lá em casa!

O vinho foi branco e bem gelado...um Monsaraz, pois de vinhos não reza muito a história algarvia.

A reza no que respeita a coisas de beber, passa mais pelo medronho e pelos licores da Serra. Provámos dois "de frutos silvestres" -disseram-nos- os quais foram de inteiro agrado do palato, até porque ao mesmo tempo degustávamos uma benfazeja Tarte de Alfarroba. Muito saborosa e nada provocadora de enjôos...até para nós que não somos grandes amantes de doces...

"A Charrete" pareceu-nos agradável no serviço e com um toque de algum regresso ao passado no que à decoração respeita. Certamente sem alterações desde que foi inaugurada, detém alguns apontamentos decorativos dignos de registo: um enorme louceiro de madeira antiga, com bonitas rendinhas e inúmeros pratos também antigos, um belo toalheiro com toalha de linho bordada, enfim um toque de passado transportado para o presente turístico da vila de Monchique. Já a colecção de relógios de todos os tipos e marcas que se penduravam nas duas espaçosas salas, são um apontamento algo despropositado e reveladores de um gosto digamos...multifacetado.

Pelo que comemos e pelos outros pratos que vimos na ementa, parece-nos que vale a pena experimentar, ou no nosso caso, regressar. É na Rua Samora Gil, 30-34 (junto à Câmara).

segunda-feira, julho 04, 2005

Em Lagos ... acontece!


Casa da Moura em Lagos Posted by Picasa

A Casa: Na parte antiga de Lagos, casa senhorial do séc. XIX, muito bem recuperada há meia dúzia de anos. A imagem já diz alguma coisa. Mas, garantimos que muito não dá para ver e para sentir através da foto. Porque o que esta fachada "esconde" é qualquer coisa de especial. Na decoração, simples, nada foi deixado ao acaso. Tudo para nos fazer entrar em ambientes mouriscos e levar-nos a penetrar nas cores, luzes e cheiros daquele norte ali próximo, o de África.

E nós de novo fascinados pelos panos, pelas mantas, pelos candeeiros em ferro, pelos vasos e potes, pelos cestos e pelas almofadas. Pelo cheiro. Que sensação de acolhimento e romance. Imperdível esta casa, com pátio para a piscina e espaço lindíssimo para pequenos almoços (e que "pequenos" almoços!) no terraço. Onde o nosso olhar se perde e vai por ali abaixo qual tapete voador, viajando por cima de outros terraços e de outros telhados, para enfim se espraiar na imensa e belíssima Meia-Praia. Um encanto só.

Encerram entre Outubro e Fevereiro. Seguramente que fora deste período, qualquer altura será boa para uma estadia. A nós apetece-nos voltar, só a dois, para que o romance possa concretizar-se com mais plenitude ainda!!

Lagos: A cidade mais bonita e agradável do Algarve. Ainda, e apesar de todo o mal que lhe têm feito. A baía da Meia-Praia, a Praia da D. Ana, do Camilo (óptima, principalmente em dias de nortada), o Porto de Mós, a Ponta da Piedade...

E... os bares, esplanadas, gente de copo na mão e cabeça no ar, o cheiro a verão, a calor, a música, a paixão. Tudo logo ali, a dois passos. Ao alcance de um sorriso e de um "olá"! (Ou será de um "hello"!?). Entre as praias e a Rua Direita é um pulinho! E entre Lagos e Burgau, Vila do Bispo, Sagres, Aljezur, Odeceixe, pouco mais do que um pulinho será. Este é um Algarve ainda inspirador, poético e encantado.

Fuja dos meses de Julho e Agosto e... aventure-se!